não fosse o uivo do desvario, um pulsar-resíduo-de-urtigas
um perfil em remoção, arremesso ante a metamorfose
não fosse os despertares que encenam o desmaio precoce,
o ventre das repetições
a ressonância que em recortes distantes de sol exala fuligem
desde as sete horas da manhã
da manhã que regenerada consome a
memória-andarilha-em-edifícios sob a língua
não fosse teu precipitar ao acaso cujo dorso dissimula o abismo,
a linha limítrofe entre a esquina e a nudez encoberta pelos escombros
de um monumento abandonado
não fosse o cálculo das tuas inércias, dos teus despeitos ao transcorrido,
não fosse a conveniência, o roubo de alicerces em teus ditos
não fosse a errância que avulta a margem ainda não desbotada pela noite,
a fuga ao sono estéril da eternidade
não fosse o impulso que regride teu movimento,
não fosse o resgate ao sonho em anonimato
não fosse o brio em estar vestido, em reencontrar subsídio ao escape
não fosse o penetrar na poça de teus olhos, um conflito
entre o manuseio do grito e a superestima
não fosse as traças detrás da porta, o intuito da retórica
não fosse os dedos arranhados, o vestígio do animal que comunga o passado,
incinera os vultos pelas esquinas da memória,
perece, agoniza, deserda e opera a maquinaria dos desabrigados
não fosse o discurso interditado por sonidos impronunciáveis
não fosse a negação do cadáver pelo manifesto, a elevação
do supérfluo diante o público
não fosse o tempo inalienável e o desperdício dos atos,
o regurgitar de um pôr-do-sol que recua com os teus passos
que, entregue à delineação do cárcere-além, do reflexo
no berço do herdeiro, incendeia os segundos
não fosse o retorno à singularidade, àquilo que tão uniforme
se firma no amanhecer, que, altivo aparato, não cativa o despatriado
não fosse o mínimo trânsito de luz pelas desvios do cômodo,
da palavra, do silêncio, não fosse a prática do crime,
a recusa que oferta volveres gastos
não fosse o adiamento, o solver distraído dos astros,
o ritmo frenético das pernas
não fosse a pausa que lancina a cadência da chuva
da chuva que penetra e se acomoda em tua pele,
não fosse o excesso, o enlace da inundação
não fosse a vigília, não fosse o exercício de amenizar intempéries
não fosse o instante-em-vergadura, não fosse a desordem
que revela o mérito dos teus urdos
não fosse o acesso ao irrepreensível, não fosse a fossa em degrau iminente
(o fronte é coerção ao detento que traga a síncope da palavra)
não fosse a altura das nuvens libertas, o recauchutar dos móveis,
as tríplices, a meia-inclinação-nos-lábios
não fossem tuas constelações dispostas como na primeira labuta
tua insônia, teus afluentes, tuas cavas ocultas
fosse o despistar da síntese de todos os átimos, fosse a candura que costura
tuas mãos ao zênite, a associação entre o devir e o confronto
a repartição dos pomos como carícias na cancela,
como andares ao concreto, como alçadas ao firmamento
arrepiei <3
ResponderExcluirUau. Genial!
ResponderExcluirObrigada!
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