Contra a hora que prenuncia a revoada de pássaros à sombra da chuva de pedra e fuligem, desde que à espreita prevista num quase-descortinar de pálpebras; tua estadia, acaso comum ao imprevisto-alvoroço-retalhos-um-século; a energia é ausência e consome a eternidade do candeeiro retraída e escapulida tal como os mares nas minhas unhas; sou a travessia e tu, nativo doutra montanha que se forma no meu perfil, é a nuance das poucas constelações que restaram em mim; jamais detive-me ilesa das cinzas içadas sob um tão pueril ontem, mas, entre tantos gris-segundos, fiz-me impropério, ruína e suplício da palavra recriada no acariciar da tua língua que de súbito remói estátuas; não, não culpem as rugas na pele, a inversão da fatalidade, o ouriço que se alimenta de seus próprios espinhos; meu coração é uma pausa sem lapso qualquer; cesso a precipitação à fim de remediar os juízes ao mergulhar adentro tuas casualidade (in)compatíveis com as lâminas que recortam meu reflexo na água; tu é o monte de areia; e tu é a tempestade que cega os olhos do asfalto como um cumprimento silencioso; o alvorecer invade o cômodo vazio; na medida em que o urdo implícito sacrifica os meus ossos, asas do tempo petrificam; a escadaria torna-se obsoleta ao aplaudir a supremacia da tua caixa torácica; findo por confundi-la com a fumaça que exala da boca da chuva da regressão da cartilha antepassada; um estrangeiro e indolor manuseio da revelia — inda pressinto a comunhão entre os vales e o tímpano que adia a resistência — cedo ao sono percorrendo desertos sem-fio a cada mísero trincar dos teus dentes; a saliva é a evidência do presságio; que meus dorsos se unam às intempéries iluminadas pelos raios mútuos do teu próprio sol; que minha verborragia se cumpra e dissimule os pesares da rotina como quem lancina o entardecer; que meu pulso incandesça e a fotografia da minha retina seja a testemunha do equívoco; que todas as réplicas do movimento das tuas pernas imprimam em mim a soma das mil sombras-do-devir; que tu sejas a maçaneta e eu apreenda o enclave; sim.
A noite à noite.
ResponderExcluirestava lendo seu blogue nessas tres semanas que passaram sem nada escrever; algumas coisas me chamaram a atenção
ResponderExcluir[não porque estivesse no papel de crítico, analisando] e outras me causaram uma de-sensação [imagino a quantidade
sintomática, no uso do prefixo "des" hoje em dia - (é mais fácil desdizer do que dizer, mais fácil desfazer do
que fazer)]... será que perdemos a capacidade de dizer o que nossos poemas, nas horas quebradas, nas madrugadas
que vamos escondendo pelos séculos, amores depositados na lua, nas nuvens, nos materiais mais fantasmagóricos...
será que é impossível dizer e viver esse átimo em que somos tão capazes, pelos blogues que se multiplicam; respirar e
transbordar ao outro, qualquer outro [nem precisa ser àquele que sonhamos nossas fábulas (ainda que para acusar o cimento, só porque existe certo conforto e repouso nesta produção de vácuos... pensando sobre teus textos, pensei se era possivel, pelo menos, imaginar um cinza totalmente independente, particular...
cinzaluzia por ramonlvdiaz
aquela que não habita o não
que também dissimula no sim
e no som que se aproxima do
fim e tudo que for doravante
e duarte pela noite de físsil
atmosfera de não frutificar os
mitos até sintetizar os santos
nas mãos uma prece digital e um carinho sem forma.
reluzir até ultrapassar o retorno
e estar sempre em nua transcrição,
na perversão que renasce e queluz
o mesmo ponto que jamais partiste
no quantum afeito ao desencontro e
desenvoltura: paraíso gris que
reabre e delira qualquer beatriz
recôndita em nosso habitacional
conjunto lúcido: transluiza feito alto tráfego.
O peso, a desvalia que castiga os pulmões. Doravante, mas não tão enfático, um concílio entre o que tem sido e a recusa no ato de nomear o gris tornado. Talvez tanto lapidar a pedra nos tenha moldado a face; quiçá.
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