todas as noites num só lapso de solidão compacta entre cavas de ferida no olhar como um bicho que não soubesse o abrigo, um céu que não quebrasse senão na chuva do dissimulado, o calor lacerava o encalço da lua pelo telhado que a cada receio era a queda: pressentida, receada: teus passos petrificando os rostos em metamorfose, liquefazendo-me em degraus onde fingia-me sólida no relógio das bocas; os relógios penetrados à pele trincavam de sutil enlace ao ar – louca como um rio que encontra o mar – errava a feição do embate a cada palavra furtada ao instante, ao instante solvido na intempérie de mim; era como uma cabeça de paralelepípedos numa rua cheia de pressa; do pó ao pó, toda urgência demorada em dividir o céu do teu álibi de fuga; o semáforo avulso que se consumia em escarros; a coreografia das pernas, as fisgadas vacilantes do sol; como um andante que se apercebesse do chão, a cabeça comia que era um dia a mais de distração; como um crânio sem identidade cantando a saudade, da rua, da tua piscada antiga; os séculos rangiam de medo pelas esquinas.
domingo, 22 de maio de 2016
da manhã, os dizeres dispersos na cúpula de escassa pulsação; os prédios quase que-submersos engolem a queda do sol na tua mão, finjo o escasso, o ínfimo na escória de um adormecido; o olho cega o gole de um esquecimento: dilui o imundo na língua em tão exata forma de calar, falar ao monte que escalo, rasgando-me em cumes desenhados na curta palma da palavra.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Prematuro
luzir-defronte imprimir o imitar-coberto
já perdurar de azul cravado em bombear-corpóreo
devotar o entre-imaculado-devir exumando
enfim-lançar-se-contra o preterir abrasado
o delineado-traçar em
dizer dentre os enovelados
declinares no fluir-ótico de antes-passado que
falar-proibido
pudesse com-ser-teu-refletir eterno e cinzelado-olvidar o
inundado-arfar
de adiante-fulgir-atado ao pulsar-meu
jamais-imaginar um simplório-uno de colapsar-tornados em apequenar o
pôr-solar
que ser-antes-um-horizontal-porvir ao avultar-tamanho de
ascender-em-si
atravessar-te-inteiro-o-desordenar em cativar o dissipado
mas antes-fulgir-dúplice-abrigar em
morada-tua
atravessar-te-inteiro-o-abismar em
dissipar o cativado
tender ao precipitar no inédito abocanhar
do invertebrado
num contrair-dentário alçado ao destrançado
raptado o ecoar de um emudecido vociferar ao que medir-transpor
no escapar de toda-voraz-ida-diz findando-por vez-prematura
turvar-abaixo o pedúnculo da legítima-alucinada
como desnovelar tão efusivo implodir ao que lunar-cresce
desnudando velhos-solares apagados no verbalizar
no que pouco-ao-te-emprestar ser-sido o limiar-nascente-do-empoeirado
terça-feira, 19 de abril de 2016
V
os relógios são retidos as línguas de pedra no percurso a pálpebra do olho que fecha e esquece a candura contra o transe de um reflexo mortífero a silhueta de um cometa acumulado sobre o céu de uma cidade o verbo que desdigo no instante exato de uma vida inteira
quinta-feira, 14 de abril de 2016
dentro
rasgam-se os centímetros da água que expurgam todo o fétido da ferida
um mote contraído na língua aflita aos vocábulos
todo asco é só um pouco do casco
minha estrada que carqueja esbelta pelo receio
simples ato sem forma na alvorada do então / eu risco aberto ao intangível
na postura que d-vagar evade pelas paredes
o ultimato rasgado desaba roto à imensidão
retrato do vão, do personagem falho que cala e concede ao esquiva a memória,
do convite à escória
o coração exposto em plena brasa, desavisado,
alado nas asas de um céu que se move pelo cérebro sonâmbulo das ruas
rasgo a cara furtada ao que dorme às pontadas
e embaço o espelho na ruga do dia
a historicidade submissa a cada gesto de fronteira como vencer a fome
que já não implora à madrugada :
sou casa e muralha de vento constante, o súbito, díssono de onda lanceado
na eternidade
rasgo-me em vale :
os telhados sobre as casas, a pureza ferina de um céu sem bandeiras
(o intento é definhar a víscera até que se exploda o cáustico
enternecer o descaso a andarilha pálpebra do porvir)
na ferida que inda espreita o rosto surrado a cada caco do teu repasto
a cada gaze sem desfeito: durmo o sono dos animais mais hostis
sentindo o disforme balouçar das horas como um contágio
alado nas asas de um céu que se move pelo cérebro sonâmbulo das ruas
rasgo a cara furtada ao que dorme às pontadas
e embaço o espelho na ruga do dia
a historicidade submissa a cada gesto de fronteira como vencer a fome
que já não implora à madrugada :
sou casa e muralha de vento constante, o súbito, díssono de onda lanceado
na eternidade
rasgo-me em vale :
os telhados sobre as casas, a pureza ferina de um céu sem bandeiras
(o intento é definhar a víscera até que se exploda o cáustico
enternecer o descaso a andarilha pálpebra do porvir)
na ferida que inda espreita o rosto surrado a cada caco do teu repasto
a cada gaze sem desfeito: durmo o sono dos animais mais hostis
sentindo o disforme balouçar das horas como um contágio
terça-feira, 12 de abril de 2016
IV
tudo em mim, que perdure e se externe na insistência da concha que atravessou o continente em busca de uma mão de amparo
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