quinta-feira, 17 de março de 2016

I

um mar, que partisse do mais áspero rastro de saliva
diluindo o alcance do pincel
que não sei por onde corre a luz desviada pelas quatro portas do instante
do mínimo refúgio nas pálpebras como um códex impenetrável de hábil erro perdurado 
pela mão
se hábil verbo lhes pudesse rebeldia contra a apreensão dos gestos
ou driblasse a ordem plástica dos signos que talham e falham  na matéria   o firmamento
(contra a fagulha sucumbida ao equívoco)
um mar, que grunhisse a imperfeição do teu
enfim-semblante iluminado pelo caos

Um comentário:

  1. garcia lorca não gostava da denominação "poeta gongorista" embora admirasse Góngora; possivelmente Góngora também não gostasse da denominação "poeta hermético" e talvez também admirasse hermes.

    o mar pode não ser o mar, alias não pode (nem deve) ser o mar... então o mar é tudo aquilo que (nele e por ele) cansamos de saber e sentir... como falar de outra coisa, falando da coisa? mas é claro! falando da coisa, desgastando-a, torcendo suas arestas até que o objeto de tão facil entendimento se torne icognoscivel, como um verdadeiro mar profundo, o mar intocado pelas nossas mãos?

    ResponderExcluir

Páginas

Seguidores