segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Distraio

às vezes, como quem enevoa a pouso
da finidade ou atrasa três segundos antes 
do poente da 
janela, o incêndio concorda
contigo 

Um comentário:

  1. quando lei teus textos me vem o sebastianismo por motivos mais proximos, de camoes à pessoa, e no seu sentido (e imagem) mais profundo: na névoa, na neblina... a literatura portuguesa (e a nossa?) é rica e sofre de neblina e espuma do mar, que às vezes se parecem... porque os olhos de ressaca em capitu a partir do casmurro, talvez esperassem a volta dos que jamais virão... como Dom Sebastião para conciliar o espirito portugues perdido no mar entre nevoeiros... as odisseias agora são instáveis, devem ser porque somos domesticados pela excesso de relatividade, após o máximo de duvida que existe nos mitos que sabemos que não hão de retornar... será que podemos viajar com estes mitos fragmentados, com rotas quebradas e descobrir ironicamente que nem precisavamos partir?

    "sobem navios enrugados em cada filamento que abre" (luiza duarte)

    de igual modo o personagem orestes que trabalha em um circo no filme paisagem da neblina de theo angelopoulos diz para duas crianças (que tentam resgatar a grecia perdida, aquele sobre mitos aos pedaços): " se eu gritasse agora, quem me ouviria deste exército de anjos?

    Ninguém sabe que coisa quer.
    Ninguém conhece que alma tem,
    Nem o que é mal nem o que é bem.
    (Que ânsia distante perto chora?)
    Tudo é incerto e derradeiro.
    Tudo é disperso, nada é inteiro.
    Ó Portugal, hoje és nevoeiro... (fernando pessoa, mensagem)

    um abraço

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