terça-feira, 11 de novembro de 2014

O retorno a si é um desmembramento

insisto na ruptura pois redimo a exceção 
entre síntese de atos e métodos falhos; 
pois sou cortesia da degradação; 
pois descortino os olhos cegos desde janeiro 
e o escopo se contorce na costura da pele que não consiste
insisto e deixo que os vestígios se revelem 
sob o chão com a salvaguarda cativa do teu afã em ser guarida; 
em ser resistência à inalação coibida 
— que permitida, verte do rasgo ao enlace cruzado — 
o entrelaçar finito herdeiro do sono perdura e assume a mácula; 
insisto pois não mais há agouro para guardar silêncios 
e eles se retorcem inda em morada descontínua, 
se alimentam do verso suprimido no inverso dos olhos; 
insisto pois a linha adiante a arcada 
de escapes se confunde com a pulsação da arfada solitária; 
a caminhada de alguém ressoa sobre a órbita da casa; 
insisto e a insistência é uma submersão não resolvida, vau de vão amparo; 
insisto e cedo à cegueira firmada no ato de adiar o empenho; 
tua respiração desenfreia 
como um pássaro à deriva do relâmpago mais remoto; 
remoto ao que vigora em êxtase, 
caso conforte o incorruptível maquinar do tempo; 
recubro presenças simulando o timbre pródigo da reclusão 
 por instante o ruído renuncia e aplaude o desdizer 
 discirno as horas vagas do estupefato 
que é o uivo da invenção, que é peregrino 
e não mais logra o cume da montanha; 
insisto e findo em conciliar destroços detidos 
dentre distrações não-previstas e declínios inconclusos, 
embora arrogo a pertinência; 
a cessão é esboço de cartas na mão; 
não escrevo cartas, não, escrevo rogos de amparo 
e minha palavra retorna incólume, camicaze 
que sobrevoa cidades abandonadas 
e trilha o compromisso ciente do ocaso; 
insisto na réplica sem cúmplice, no diálogo emparelhado 
pois invoco os mil nomes transcritos em face singular 
que se desvela permeável ao núcleo impenetrável; 
insisto na violação que é a palavra reprimida, 
mas reincido pelas fissuras um indício de desordem; 
o compasso irrefreável em horas dádivas de céus estéreis; 
insisto pois sou codinome duma constelação apagada ao se conceber nome; 
pois recorto os detalhes do anoitecer e 
reconstruo o devir como quem soma segundos no breu; 
insisto lúcida do descuido e retrocedo imune à superfície; 
insisto e resisto ao aparte.

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