adulterar o relógio —
torná-lo óbice do próprio pêndulo
que varia como se fosse arfada,
que restitui o ganho finito e desmerece o método
adulterar o relógio —
torná-lo em mim fóssil daquilo outrora inédito;
daquilo que se impôs ao corpo sem coordenadas,
compôs a curvatura,
depôs o fado nas retinas viciadas
depreciar a dimensão inata do anonimato,
torná-la uma entre as mil fendas na muralha das horas;
o estopim trapaceia a ordem,
o teu corpo consumido pela falta que o sol submerge; tuas raízes se
decompõem ante ao alumbramento
adulterar o relógio —
alçá-lo em contenção
com o fio da memória, medi-lo a autonomia do desdito
quando suspensa a escória;
reverenciar a estima — ser em visto o certificado
do dia servil da inconclusão;
coincidi-la com a palavra depreciada,
calar em ti o alvoroço de amanheceres;
ser em mim o vínculo atado ao zênite cujo clave constata o atraso
adulterar o relógio —
extinguir a continha de esperas
(a queda não é inibição, é precipício que desaba do céu
e pólvora)
cartografia da pálpebra sem bússola, senão raro percurso,
te invoca às treze horas e te arranha a estrela reservada;
a queda não é garantia da escapatória, é grafia da sonoridade
já cedida ao tempo, ao olfato que te rouba a justifica dos fatos
adulterar o relógio —
torná-lo cadáver dos vultos esquecidos
e ateados à brasa fugidia,
ao lodo do instante intérmino; petrificar os membros,
habitar a réstia de comodidade,
sondar a vigília de cada fagulha,
alterná-las na acepção de irradiado-campo;
colosso de ímpares que diz ser perfeita parelha,
duvidar da pontualidade dos teus atos
adulterar o relógio —
regredir vil rastro de amanhã
quando a fome exigir concílio;
afrontar o trânsito de levantes irresolutos,
findá-los os clamares em nome do pavio partido
adulterar o relógio —
violar o badalar como quem furta o ontem,
sucumbir o intrínseco na estatueta do não-sido;
ser credo na insônia dos astros quando expostos aos rasgos,
permeia o abismo e
o torna vencido
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