implosão de atritos; o desmonte é concierge das raízes
do outro lado da cidade, o oxigênio surpreende o semáforo
o convite ao absurdo; cordas vocais remodeladas
por uma redundância que persiste
quando a insistência no desvario reconhece ser consolo à ausência;
o roubo dos segundos passados
exílio nas tuas alturas; no impulso que incinera o ciclo
datilografia de espadas como um bilhete de mercúrio; teu grito mais pontual;
tua reviravolta cedida ao andares dos vales; que desmoronam; que desertificam;
um alvoroço de pés; os ossos fora do lugar.
tua reviravolta cedida ao andares dos vales; que desmoronam; que desertificam;
um alvoroço de pés; os ossos fora do lugar.
se eu dissimulo, a janela mascara o escudo
se eu gris desnudo, a janela incita ao percurso
eu — roupagem intraduzível
via de mão em anestesia
passos vagarosos
olhos de carbono
regresso de todas as alvoradas —
curvo a língua e amorteço a queda
com a memória dos
vórtices
vórtices
um místico belga chamado Jan Van Ruysbroeck [1293-1381] costumava dizer: "Devo regozijar-me além dos limites do tempo... contudo sei que o mundo se estilhaça perante a tais impulsos e atritos gerados..." Como se constituir uma obra, um corpo depois de tanto fragmento?.. o ato de conhecer pela inocencia-experiencia (William Blake não nos deixa outra possibiliade) nos tempo de hoje porta uma suspeita dificil de carregar, de respirar e confiar nos passos e do que deles derivam... há sempre uma suspensão pairando, duas ou tres vezes desconfianças não apenas do canon ou do credo, mas do proprio ato reflexivo... essas produções de espelhos sem fim retirou de nos o empuxo vetorial do desejo, do misterio, do sagrado e dos delirios... sem saber para onde ir, não vai, fica no corpo latente, nos esbirros da semana atras de qualquer signo que vibre um treco decente... poetas fundam as nações porque fundam (vida e morte) o signo e também o corpo mas hoje vivemos tão somente da memoria gloriosa de esforços literários que não guardavam esforços - não temiam não retornar de suas viagens, talvez nem quisessem - hoje não, queremos o conforto e a segurança de saber voltar porque o oposto seria a completa incapacidade de viver sob o mesmo signo, sob o mesmo corpo... nossa civilidade é propria ao enquadramento, ao percurso das personas, esquecemos que o conceito de equilibrio e desequilibrio está lá nas formas abstratas, também no triangulo mudo que não permite qualquer aderencia de signos - sua forma é feita de pura relação, então o que é, de fato, um corpo humano, uma obra de arte?
ResponderExcluirHá algo nos simbolos que possuem uma pureza arcaica (que não conseguimos mais pertencer ou compartilhar) e que insistem dor e maravilha em nossas lembranças, como se vivêssemos muito mais através delas...
um abraço
[...]
"no impulso que incinera o ciclo [...]
tua reviravolta cedida ao andares dos vales; que desmoronam; que desertificam;
um alvoroço de pés; os ossos fora do lugar.
se eu dissimulo, a janela mascara o escudo
se eu gris desnudo, a janela incita ao percurso
eu — roupagem intraduzível
via de mão em anestesia
passos vagarosos
olhos de carbono
regresso de todas as alvoradas —
curvo a língua e amorteço a queda
com a memória dos
vórtices"
Frederico Garcia Lorca - Sésamo
El reflejo
es lo real.
El río
y el cielo
son puertas que nos llevan
a lo Eterno.
Por el cauce de las ranas
o el cauce de los luceros
se irá nuestro amor cantando
la mañana del gran vuelo.
Lo real
es el reflejo.
No hay más que un corazón
y un solo viento.
¡No llorar! Da lo mismo
estar cerca
que lejos.
Naturaleza es
el Narciso eterno.
Robert Frost - Nothing Gold Can Stay
Nature's first green is gold,
Her hardest hue to hold.
Her early leaf's a flower;
But only so an hour.
Then leaf subsides to leaf,
So Eden sank to grief,
So dawn goes down to day
Nothing gold can stay.