domingo, 14 de julho de 2013

Livre-órgão

O limite de toda afeição é a petrificação de um órgão insignificante 
Que ao passar dos anos abriga em si um coágulo sanguíneo 
Entrepassado entre as finas vértebras 
E esconde a efêmera enfermidade no viés de sua delicadeza 
Agora eu inalo a brisa ferina de Julho 
A desvanecer os vultos estrangeiros de martírio e descontentamento: 
Meu pranto irradia a vazão do desespero posposto pela razão 

E vejo uma liberdade sustentada pelo anseio incomensurável 
Em tornar ideias herdadas de nossos ancestrais em onipresença
E não meramente um teatro de legitimidade colossal 
Composto para nos servir de retrato como um relicário impalpável

Ah, a Realidade em sua mais sombria evidência sedenta de sonhos
Mas ainda nos resta esperança. Nós ainda não estamos mortos
Nós, os andarilhos caquéticos, gritos taciturnos de expressão lírica
Os bardos transgressores do método que andam detrás 
das luas destruídas por sanguinários de terno e gravata 
detentores de uma cordialidade nauseante 
Que incendeiam um coração cosmopolita 
e estufam suas veias repletas de substancia poética 
Que caminham ao lado de uma tempestade maquinal 
Enquanto os carros, os pássaros, as paredes brancas, 
os dedos, as lábias, os corrimões, os sonetos, os painéis de gases tóxicos 
Atravessam uma passagem paradisíaca rumo às orgias das suas relvas douradas 
Que se embriagam com seus próprios excrementos feitos do mais verídico amor
Que roubam as horas das estrelas a dormir nos espaços inabitados 
Que se deitam sob os mantos prateados transbordados após meses de chuva
Que se lembram das mais geniais figuras das épocas 
que passaram como o mestre Whitman, 
projetor de toda forma poética de libertação 

Como impropérios nossas aspirações são manifestadas 
àqueles que margeiam essas terras vazias
Mas, como fluídos portáteis,
As vicejamos em direção ao outro lado do farol

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