domingo, 7 de julho de 2013

Minha Consciência Tarda

(Chegaram-me os dias de Julho e sua primordial manhã de chuva 
Na qual escrevi estes versos  trêmula , oh! versos eufóricos)

Todos os poemas nos quais tencionei te encontrar deverão ser queimados
Junto aos beijos e o lirismo dos movimentos farsantes 
Restará somente o silêncio que permeava entre nossas vozes 
E o marejo a desvanecer como lapso de luzes passageiras nos olhos inexatos
Que adormecem após o amor ligar-se aos pórticos vagos por uma alucinação de flamas azuis

As cinzas dos versos, como um fluído despejado nos ares de Julho
Contrastarão com o céu de meia estação adiantada: 
Como os meios e as pedras que evoluem com o passar dos anos, 
O sol morrerá todos os dias e renascerá na linha dos meus neurônios que gritam e tardam
A maresia que sopra dos mares tarda também; 
Tanto quanto os velhos fantasmas, os desalumiados vaga-lumes 
E as veias que pulsam embaladas pelos cordões dos tempos retrógrados. 

O tempo é um excêntrico flâneur tal como o poeta de asas portáteis. 
O radioativo cristal trans-in-lúcido que suscita das paredes do desencanto 
Ascende meu coração esparso. Meu coração é uma carta sem destinatário 
É a célula morta dos dedos dormentes. É a voraz onda vinda dos mares desconhecidos 
É a lâmpada apagada nos corredores das galáxias insones
Mas nada disso não significa nada, como todos os poemas escritos 
E mesmo aqueles jamais idealizados: estou fingindo ser uma especulação legítima
Talvez uma transfiguração de eterno apreço 
Passarão-se os anos e por mais que eu tente encontrar um significado 
Para todas as horas, os hemisférios da minha consciência 
Permanecerão vagando em busca de um encanto inexistente 

Então meu sangue correrá como os ponteiros dos relógios inconstantes
As banais obrigações dos meus dias, em compassos,  transpassarão meu corpo febril
Tornarei-me um andarilho, uma pétala transparecida ou um pássaro preso e arruinado 
Talvez nem mais exista, eis o destino caminhando de encontro ao abismo tardante 
Ainda te resguardarei em relicários nos cosmos mais esquivos e serenos 
Após as cinzas se perderem entre verbos e nuvens iluminadas
O silêncio como uma fênix acenderá nossos sonos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Páginas

Seguidores