sexta-feira, 21 de junho de 2013

Os Tempos Frenéticos e a Taquicardia

Eu grito. Eu me engasgo. Eu levanto. 
O olho do pássaro suburbano devaneando em seu insight 
Que percorre a costa delineando seus lados opostos em ziguezague, um emaranhado de correntes 
O restringe de todas as ruas hoje cintilantes e, ruas, que há muito tempo tenho observado cruzarem sempre 
Em direção ao mesmo rumo sem propósito contrastado com suas luzes rotineiras: 
Há anos nauseada,  um espírito inalador de (ir)reais gases tóxicos desde a infância, 
Célula-tronco inerente ao encontro do asfalto com a eterna noite estrelada das primaveras sem estação 

Agora quando os meios despertam (?) de seu difuso sono
Os ditadores do lar de janelas blindadas depreciam os meus clamores cansados
De poesia inválida, não contextualizada, fruto de um sono perpétuo, cores, cores 
Mas sem as concretas cores das ruas: e eu sempre estive lá fora 
Espero a legitimidade quando esta é um nervo entrevado há tempos no organismo 

Interrupções alheias defendidas por uma manchete de jornal
A subjetividade resguardada nos pulmões, o desatino dos transgressores poéticos,
A juventude do século adormecido,  
O desastre deslegitimado, as palavras ao bel e suas pretensões que predominam tão vagas
Os cantos de pátria que por trás se tornam resquício 
Como chuva que desaparece antes de chegar ao chão
As contraditórias limitações dos cegos, a atração a qual segue o melodrama, as páginas mortas
Apesar das simbólicas imagens inusuais, estas respiram uma vazia ideologia 
Que necessita de imediato elucidar suas rédeas  
Sejamos realistas, por favor, não deixem que toda a beleza se perca entre os dias 
E se torne breve memória de um tempo frutífero 

Os dias insanos confortam o meu insulto ofegante 
E eu me sinto genes de uma realidade genuína; apesar de quase faísca apagada 
E eu me sinto risco verídico entre os outros milhares que compõe o traço da Humanidade; apesar de quase desvario sem livre arbítrio 
Aspiro a metamorfose; as multidões, filhas do renascimento pródigo de uma época em cinzas 
Ainda sim perpetuam o lirismo dos loucos, 
As bombas explodem silenciosas e a voz de Caetano desabotoa, 
As flores de cristal dos passadistas infames, a nossa surreal intempérie de Junho
Que declara fartura duradoura nesses dias felizes 

Foi num intervalo de tempos acesos entre a vida e a morte
Vimos os estalares sombrios num céu digitalizado
Mas o pássaro suburbano perdurou o sonho indissipável  
E se apossou de nossas indignações 

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