sábado, 20 de abril de 2013

No viés do espetáculo há a escapatória

Escrever é uma doença
Que suscita ainda quando no ventre engloba 
A comunhão de fetos fétidos 
A moléstia interminável das artérias cegas
Que explodem estrelas primogênitas de dramas eternos
À mercê de uma madrugada desperdiçada 

Escrever é uma doença letal, profetizada perfeição!
Que se alastra impiedosamente entre os órgãos
Mesmo que presuma-se a existência de um tumor benigno
Encrustado entre as tênues e plásticas partes do corpo
Quando tudo não passa da letargia momentânea da poesia vívida
Que enfatiza o disfarce dos enfermos dos últimos dias 

Escrever é o câncer da alma 
Em sua mais pungente condição 
Que anestesia os sentido ainda que sinta-se nocivo
Tempos sucedem em difusão no organismo de qualquer um que escreva
E quando então, não há mais escapatória 
Clamam por um vício sonegado à previsível e misantropa sina

Passam os anos, enfim
E entre o suor e a agonia das noites inquietas 
Fada-se o atestado de óbito 
Eis a linha cronológica dos poetas 
De toda uma existência que antecede a Vida
Desde sempre mortos, precursores da essência fingida
Pois a verdadeira guarda-se para o fim em seu lapso de eternidade

Há quem diga que ao morrerem 
Nasce, de fato, a legítima alma de sua poesia. 

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