i.
Minha alma é
a sombra da eternidade
suspensa ao
descompasso
de memórias
Cardiograma
que pulsa
sob painéis de rosas
murchas brotadas
do ventre
do mundo
ii.
Existo?
Sabe lá quem
garante-me
a existência
de tudo
que vejo (eu vejo o abismo),
sinto (eu sinto em partículas),
toco (eu toco com a pulsação)
e penso (eu penso demasiado)
Contesto-me
com a desgastante
sensação de
inalterabilidade
da consciência
E permaneço
a desabotoar
o afamado martírio
do pensamento
que jamais adormece.
iii.
Sim, sim
até mesmo os astros
confundiriam-me
com a chuva
que desaba
e anuncia
cortejo de sacrifício
pelo meu choro
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