terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ápice Farsante

Meu drama são as horas. 
Enquanto observo ao longe as ondas triunfantes quebrarem 
nas rochas sob o céu e as curvas cintilantes do sol,  fim de tarde ilusório. 
Os traços brancos circundando a esfera simbólica bordada 
com o violeta choroso desarmando-se já antes da hora. 
Ao passo que o zurro ensurdecedor das batidas adentra meus ouvidos
a imensidão preenche, em ébrios, somas de espaços. 
Eis o pânico. 

A memória fragmentando-se 
em meio ao tumulto do silêncio que grita em glória ao dia nascente. 
Recusara o pesar, que por não avistar neste frestas de luz, 
pensara poder declarar fim sem nem mesmo vestígios dos beatíficos tempos. 
Tempos de suor corriqueiros expelidos de dedos cantantes. 
Tempos de livre poesia e inspiração incessante. 
Tempos de amor prematuro e diálogos manuscritos, retumbantes. 

Sozinho, o Sol agora parte em busca 
de um lar para as eternidades recusadas pelo tempo
Um abrigo às almas distraídas e às superfícies de vento
Insanos instantes de ideias por não oferecer-me o escapismo da retenção. 

Furtaram o amor dos astros e suas lágrimas colossais
caem de encontro ao meu coração surrado, 
fragilizado pelas suas próprias linhas corroídas 
quando procurara pela perfeição. 

Deem-me em troca da minha última e inquietante declaração ao menos uma resposta
E quando eu, enfim, lembrar das horas passadas e presentes
poderei não só suplicar pela morte
encontrando mundos com toques de púrpura ou sonos infindáveis
mas amar a eternidade utópica 
como a única dádiva àqueles que partem antes do tempo

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