sábado, 24 de novembro de 2012

Beatitude de louvor à fome

[...]

E da íntima noção de impossibilidade em pôr-se à altura da realidade, nasce o poeta.    
Vigilante astucioso na branda sensibilidade do olhar ao mundo, onde a abóbada transcendente apresenta-se como um oceano de detalhes ornamentais, todos constantes na eterna prática de cambalear em teorias históricas. 
O olhar é a alma, que se expõe sem dedilhares numerológicos, mas com um termo inventivo do coração que pulsa junto a ordem astronômica do universo. 
O universo é um detalhe, o resto é sensação. 

      Como expressar assim de modo tão vasto aquilo que exprime até mesmo o pormenor de um toque? 
Como um enredo feito sob a linha tênue de mármore e rosas, é inacessível como manuscrever a eternidade. 
  Aspiram por atingir os mais distantes interstícios da complexidade enumerada anonimamente chamada espaço aberto, o mundo sem máscaras, digitais, conceitos e só. 
Mais do que intérpretes da má intenção de sonhar, tornam-se insanos em louvor à procura do lado avesso da lógica, a dualidade da poesia.
Uma rosa que floreia é um choro que inundou o jardim. 
Ou um jardim que inundou o choro. 
A platéia de luzes não aplaudiu seu teatro retórico. 
O esplendor das lágrimas vanesceu e restara somente o fardo, a inconsistência do verso. Blasfemando em miúdos, o poeta é um contador de hipóteses, um criminoso disfarçado de bobo da corte. 



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