quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quando Mercúrio se encontra com si mesmo

       Se eu me despisse de todo o mal que o meu corpo retrai e vocifera a nos desalentar e desajustar o controle que manteamos por pura introspeção, por puro esplendor. Vanescemos o que há mais de intenso em nós mesmos no momento em que nos calamos e transbordamos sozinhos. 
      As noites se excedem quando as celebrações anuais passam, os risos e as lágrimas momentâneas se vão junto aos doces e ornamentos da casa. Pois a música pairava sobre o ambiente, as pessoas davam-se as mãos e a evidência se instigava justamente para mim. Era o ciclo do sol que terminava ao ano e levava junto a si todo um ontem que ninguém ainda havia declarado seu fim. Era um ontem que ainda soava como o hoje e o amanhã. Mas o ontem estava espontaneamente se tornando o hoje e a cada segundo o que no anterior se denominava "passado" trazia-me um novo martírio, a culpa de não ter feito do presente que foi o "ontem" o futuro que meus escritos resenhavam. Mas já era tarde e eu, coreografando a estática ansiedade enquanto a renda do vestido e da madrugada cintilava no escuro, não encontrava um verdadeiro significado para reencetar a velha órbita que os astros mapeados em minha vinda ao mundo davam ao redor do sol. 
           Para divergência de meus medos, todos centravam em mim a figura alvo e tudo o que mais queria era poder deixá-los. E eles falavam o quanto era intenso tudo que sentiam, o quanto aquele violeta de meus olhos explodiam em seus corações. Por um momento todo o "acreditar" poderia se estender e  se equacionar em mim, mas os velhos receios sempre palideciam minhas feições e todas as atenções, todos os flashes, todos os tons de vermelho se perderiam no ar. Eu os decepcionaria por extrema dispersão e falta de controle, por estar enclausurada no nada. Eu ainda sonho em declarar o insano receio de "sentir" e o  que tanto desperdiço  nas tardes de Domingo, mas ainda é cedo mesmo que seja tarde demais amanhã.
          Os risos que foram guardados nas fotografias em preto e branco e nos manuscritos mal-acabados farão sempre parte do "adeus", das luminescências saturnais que insistem em, por fim, apagar um universo inteiro de vácuo e mudez. Talvez seja tudo culpa da falta de planos que meus dias trilham e das antigas instabilidades desde os quase 40 dias de embarque. Mas, por fim, transgride a esperança que no fim  sempre arma o infinito abismo de nós mesmo. 

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