sábado, 8 de setembro de 2012

Alguém me falou de alforria

       Mas surge sempre as perguntas contiguais aos términos. E nunca se sabe o porquê de virem após as ratificações e as desi-magnificas-ilusões quando é necessário ter as questões respondidas para então declarar a vitoria, ou, no caso, a falência de expectativas. Foi um engano ter imaginado ter nas mãos todos os recomeços. Foi um engano ser um desengano.      
    Agora deixe-me guardar as recordações em centenas de gavetas como arquivos ultrapassados e desconfigurados e desfalecer os horários, os lugares que pensei ter deixado totalmente para trás. Deixe-me abaixar somente três casinhas de volume do som da chuva que bate nas janelas. Deixe-me alcançar o sol, pois está cada vez mais difícil me aquecer entre os cômodos vazios. 
       Eu tinha uma estrofe inteira para concluir ao fim do mês e trouxe-me o recesso antes mesmo dos primeiros quinze dias. Não existem mais caixas de correios, não existem mais lápis apontados, não existem mais canções imortalizadas. Não existem mais as agrilhoadas linhas que era possível avistar ao horizonte do décimo primeiro andar. Não existem mais. 
      Devem ter apagado as páginas sem que eu estivesse desperta e perdi as palavras de enfoque. Devem ter desacorrentado os anjos dilúcidos de meus pesadelos. Devem ter pedido o bônus de minha desconcordância. Devem ter levado embora o último segredo que me alimentara durante todos os anos. E todos desapareceram.  
     Porque eu não posso mais deixar o vento passar enquanto datilografo meus medos.  Porque eu não posso mais me conter dentro de algo que me impede de enxergar o que há fora do acorrentamento. Porque eu não posso mais apreciar o mundo através de um espelho embaçado. Porque eu gostaria de dizer-lhe que um terço de mim se esvai, se mortifica. Já a outra parte chora feito uma criança prematura cujas as lágrimas desaguam nas profundezas de uma história mal contada. 
         Sem pudor, nem verbas. Preciso encontrar o outro lado. 
       

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