E eu havia me perdido entre as aversões de um século,
um ano,
um mês,
uma semana,
um resquício de um dia
desde que então em mim sonorizaram
a estação de 1959 no volume "b" ou "c",
ou sentinelas àqueles que entorpecem a libertinagem.
pois enquanto o barulho desestabilizava minha lucidez
e as vastas esferas de magnitude,
encravadas em minha pele como um cicatriz em forma de lua,
meus passos transigentes conectavam-se ao meu versátil inconsciente
em norteio as mais desvairadas formas de sintetização,
psicanálises freudianas,
sonhos chateaubrianescos,
carrosséis ilícitos ,
e um pouco de melancolia.
ainda recordo-me do receoso princípio
em que ambos concordamos em despir-nos do crime
a cada madrugada um senso de piedade,
uma rudimentar covardia,
abatia a dessemelhança do acaso
noite passada, ma perle enchantée,
quase alcancei o tempo oportuno,
mas sua falsa fonte de virilidade havia desregrado a resistência
e vanesceu junto a efervescente neblina
no momento em que pus minhas mãos janela afora
quero dizer: a espera corrói os mais errôneos detalhes
ou a psicose inerente à gloriosa insônia
varre a água da chuva e a vastidão da empírica infinitude?
já não ouço o som das ondas no mar entrelaçado à sua seiva medieval
quando ponho meus ouvidos sob as bordas da concha côncava feita de
cinzas,
luzes,
deuses,
ninfas, sereias, apetrechos,
e vagalhões de células mortas.
ó, ma belle perle!
há um plausível e titubeante soneto que apenas alguns são capazes de ouvir
vindo de dentro da rocha calcária
chama-se o som dos mais profundos oceanos, ma lumière perle
e ecoa cada vez mais aprazível
a fosforecer como um vasto sussurro
é tão brando... tão suave... tão...
tão transcendente...
por fim, lembro-me de tal ocorrência nefasta de meu passado,
meus ouvidos estão surdos, ma petit perle
e assim como o estremecer das ondas
apenas sua voz sou capaz de ouvir...
(talvez outrora retorne a tal eterna ilusão de óptica)
Nenhum comentário:
Postar um comentário