sábado, 28 de julho de 2012

Aspecto dúplice do ego irreversível


       O quanto mais o equivalente ao intenso, o vulgar, o eterno, alastra-se nos poucos espaços, nos  interstícios  de poeira, mais o externo termo do "ser" induz ao término em total inexpressão, escassez de artifícios. É como se fosse preciso sentir ao extremo, ter, sonhar e ir o  mais longe que for capaz para que em uma hora inesperada, uma hora qualquer, uma hora que além de todas as circunstância, sempre pertenceu ao tempo, ao círculo privado e ininteligível que conduz os passos ao eterno. Como se fosse preciso ter em vista todo um horizonte, num só ponto de partida para que no fim, tudo sucumba. Como se toda a intensidade, no final das contas, tornara-se um tipo de máscara para o que na realidade fora distinto e fraco. 
       O pulsar que conduz as horas, as entrelinhas, as façanhas, as relevâncias, as transparências, as armadilhas dos segredos que ecoam no silêncio nas esquinas da monumentalidade  monótona reluz à uma certa displicência, conduz àquilo que falso sustenta todo um universo com seus vácuos declínios e sua infinita inadequação. 
       Quando as mais árduas e fartas noites de veraneio cessarem ao tempo e reluzirem as cores da imensidão de vinte sete mil espáduas cristalinas, o trincar dos sinos sorumbáticos despertará ao alvorecer dos dias esquecidos entre outros milhares em minha memória já tão débil e inativa.

          Acorde, acorde. Depois de uma longa pausa entre o sim e o não, o certo e o errado, o ser e o não ser, venha-me então sem intervalos, sem significados, sem véus. O mínimo dos detalhes perdem-se entre o turbilhão de milésimos que passam enquanto não encontra-se o outro lado, o avesso, o lugar onde os lados não condizem uns aos outros, onde a benção está no não definível, no distante, no ininteligível. Existente nos mais indiferentes e fúteis termos da linha efêmera do nada, do vão de um riso sorumbático. O quanto mais longe percorre a partir do ponto de partida, mais inativa e onírica torna-se a estimativa de mero pragmatismo que é aquilo que chamamos de fim de linha, liberdade clandestina fantasiada de utopia. 

Fortaleza ininterrupta d'um carrossel radiativo. 
Alvorecer em vão de ambos universos singulares, 
sucumbir minha pouca liberdade dita como ilícita, monumental e umbrática. 
Não peça-me para rimar, só falsos irrepreensíveis rimam! 
Seja eu um tolo, um mero portador de abundante gosto pelo cinismo ou talvez um nada.
Mas não implore-me o que não tenho em minhas mãos e portanto em minh’alma.
Como entregar-te o lado oculto e distante, aquele que é vizinho à minha face. 
No entanto tão ambíguo e corriqueiro como as falsas palavras daqueles que tumultuam as esquinas da sociedade.


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