quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cardiograma do pretexto (pretérito) elementar da verdade íntegra

       A imensidão da galáxia dos meus dedos num espaço efêmero e sujo. 

       Num espaço onde as esquinas cruzam-se nas casas daqueles que apontam  a morte como o abismo da existência. A morte por si já é a existência. Vive-se para morrer. Vive-se para questionar e morre-se para compreender. Os olhos daqueles que vivem são tão vazios como daqueles que jazem nos túmulos dos cemitérios. O riso é um bônus, um feitiço. O raio de luz das manhãs de primavera é o prazer, mas não a intensidade. A intensidade surge a partir do momento em que o coração estagna-se. Tantas horas perdem-se no decorrer de anos desconexos que por vezes fazem-nos pensar que isto é um ato, a virtude do ato de viver-se. O viver é inexistente, ó, Céus! O viver presume-se na miséria dos ponteiros de relógios empoeirados.  Como um meio demasiado distante d'uma estrela que cessa no céu. Como os arvoredos quebradiços das ruas que dissipam-se a cada madrugada. Os sonhos erguem-vos e põe-vos em equilíbrio, mas vossos ossos tornam-se cristal. E são os sonhos que tomam  a supremacia de um mundo em vão. 
     Há quem diga que viver é essencial. O essencial não se encaixa ao vácuo da rotina. Não escrevo poemas, pois poemas pedem-me o essencial e minh'alma está restrita. A banalidade, a banalidade dos que andam pelas calçadas. A banalidade torna-se um vírus. 


     O início de algo que já estaria em curso para que tragam-me de volta o que sei que nunca terei nas mãos.
    - Teus olhos, ó, teus olhos! São como pérolas negras que transparecem ao oceano. Pudera eu tê-los em minhas mãos como ninguém jamais pudera... Teus lábios em linhas tortuosas num tom coral-cereja refletem a luz das manhãs que tanto me atordoam. Tu dissipas minha angústia, tu renovas meus sonhos... Não é amor, não pudera ser amor! É algo incomensurável como o infinito céu de estrelas. Jogo sobre ti os poucos restos mortais que consome meus dias para que a graça do teu riso rejuvenesça o coração oco que habita em mim... Minhas horas transluzem na agonia de ter de esperar tua chegada... Já não durmo, não como, chego a respirar com dificuldade. O ar tornou-se rarefeito. Meu ar deve-se a ti. Penso em não pensar, logo o "não-pensar" desemboca em profundo delírio dentro de teus braços.



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