sábado, 19 de maio de 2012

Escrever para ninguém.

   É em momentos como estes que eu me encontro. Há horas em que os pássaros caem e os termômetros quebram, então você se distrai e os gatilhos se soltam. Tão mísera a vontade de ficar, as armadilhas foram descobertas, desculpe-me pelo incômodo. Rebati os toques falhos de uma tarde silenciosa de Domingo, é inexplicável. Tão cansado, os anjos imploraram-me por mais uns dias. Eis que os lados confundem-nos como um regresso tardio de noites em claro. Derramo-me sobre teus leitos, perco-me sobre tuas respostas. Seria assim tão duro de deixar-te seguir? Certa vez impuseram-me dezenas de rosas que nada sobraram-me os prelúdios. Acho que antecipei-me, fora dada tantas palavras que restou-me monossilabas. Vinhetas monossilábicas, ruelas entorpecidas. Progride.
   Deduzir. Deduzo tuas arfadas como cacos de taças quebradas no chão de mármore. Alaridos intensos ecoando em salas vazias. Lembro-me das minhas antigas anedotas, desatilhe-me em compassos passados. Sou lembrança do que um dia fui, do que um dia absorvestes de mim. Minhas lágrimas nada mais são do que fardos de uma época esquecida. Além das portas batidas contra meus medos, tornei-me covardia. Frágil demais para mais uma dose de brisa transmitida. Nos traços embaçados de uma fotografia em preto em branco, a aurora transluz. Meu silêncio que nunca está ao alcance de minhas mãos. Talvez as vozes estejam roucas. Tão distinto, tão distante, tão dissente, tão distrativo, tão... 
    

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