depois a combustão do reverso na cena sem um tempo falado
que comia a si e o discurso de pálpebras areadas como baixo rio
crepitando na boca
depois um percurso eletrificado pelo vento que caía sobre a pele
quando solar das horas imaculadas
o faiscar de um entorno ferido através da repetição
a constelação definhada pelo trinco desabitado
à porta e ao
súbito emergencial como em tua anatomia nunca
precisa ao hábito das asas
depois uma criança que fugia, uma cama imposta a
sondagem que recortava as mudas todas vociferadas
depois a desordem protegida entre os cumes dos dedos o
medo sem voltagem ou pulsátil mas breve e colapsado a
cada remoto arquipélago na penumbra
depois o que quase-revelado o que entranhado ao velame em
fotografias ambulantes acendia o rastro dum camicaze sobrevoando
as cabeças
as cabeças como campos de aterrissagem
o inabitável ampliando o curso dos punhos escancarados
no planeta que engolia
(
depois
)
depois a oscilação do papel fragmentado entre escadas subterrâneas
o partir como um risco sinalizado na mão fronteiriça:
tua intocável brasa de cordas e paisagens
depois a mim trucidado o dito o estilhaço de um ruído o perecer
que descendia o penhasco aos ouvidos
os teus espaços inda codificados lembrava as rugas dos lençóis:
a contrição do labirinto
depois às setes horas o afiar dos espinhos no chão: o segundo marcado
pela manhã recolhendo-se em exílio até a consumação
de uma cabeça de passos
por baixo dos raios que me invadiam
Dizem que Festim Diabólico (The Rope, Hitchcock) [um barato essas traduções da década de 70 e 80 para o portugues] tem o maior plano sequencia -- tempo de filmagem sem corte -- da historia cinematrografica... exagero, nem importa... o importante é saber como Hichcock consegui manter o sentido de sua obra, sem pausar (usando tecnicas curiosas e algumas brilhantes, usando por exemplo, as portas abriando e fechando como um tipo de corte de cena)... acho incrivel sobretudo como um artistas não apenas cria, mas mantém a tensão daquilo que queria desde o inicio... como cada gradação opera sem anular a prévia... porque talvez não importa tão somente as imagens poeticas, e sim, também, como elas se enredam produzindo esta ou aquela percepção sem que o prazer da leitura seja interrompido abruptamente...
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