segunda-feira, 11 de maio de 2015

Oblíquo

a tua falta é em mim um erro que dilacera: uma sombra, inclinação ante os olhos que guardam habitações abandonadas. é em mim uma suspensão de muros. falho em esquecer-te como se esperasse na memória um compromisso de ruídos infinitos: falho e a ausência em mim esboça uma eternidade de abismos confundidos. a palavra é testemunho. é uma falta permanente pois não a detenho. o teu nome é em mim um aparte. falho em esquecer-te como se os vestígios me servissem de veia. guardo-te; imagino-te o escorrer da chuva pela janela e ali premedito o instante em que o dia arrefece. o tempo é contágio contra os dias incalculáveis. não mais o percebo. 

Um comentário:

  1. voce é uma das poucas pessoas que identificou o meu sintoma... tenho uma doença por cifras, de fazer sentido... então atiro para todo lado sem me importar com o sucesso do acerto... é um tanto confortavel porque cansei das categorias fixas, essa coisa de EU; e é um tanto presunçoso porque sempre assumo o lugar da analise (ai posso dizer e falar de textos e referencias sem jamais me apresentar -- pode ate ser uma forma de violencia) nunca do analisado... acabo eu mesmo perdendo o sabor das coisas, o risco de não interpretar... a outra pessoa que identificou isso em mim convive comigo ha mais de 20 anos e isso é uma felicidade para mim, junto com uma constatação: são os poetas que fundam as novas cidades, é nesse (seu) esforço de não conformidade com nada, e ao mesmo tempo onde tudo pode ser siderado... ainda não sei em que lugar entre o tudo e o nada, o poeta está...

    muito feliz pela nossa conversa

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