sábado, 9 de maio de 2015

Fuligem sem fato

é foice seleta a profusão da fome que me sobe aos ossos
do riso como se não bastasse adivinhar no rastro 
o crime cometido às escuras do dito
a farsa come o corpo da traça sedenta pelos 
restos do reflexo teu 
arde nos tijolos um ofuscar ausente os dedilhares do dia
arde e deplora-me fusão entre o ontem que se extingue 
e a lucidez em exceder as mãos
(das fissuras um inimigo fugaz que em mim rasga 
e falsifica a nuca)

é altura o abismo escondido no chão? 

é, em sôfrego e enevoado vão, a quietude 
de uma palavra petrificada? 

olho como se a paisagem se resvalasse em sangue sozinho 

no lume e fosca a faísca da finidade acendesse-me 
um fósforo movediço
não, sou ainda imagem que se reduz à fumaça 
do incabível e percebo nela o tronco da ideia nunca lapidada
e percebo, como quem rouba flechas, as curvas do amanhã 
por onde acerto-as desequilibradas
olho como se apartasse o primórdio da mentira 
como se a cada vão o erro fosse lança aos nomes todos 
meu nome, um devir enfadado: sol que me ausenta; e me apaga 

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