domingo, 16 de fevereiro de 2014

Dos fragmentos de luz

Nas superfluidades medianas à vista de um rasgo de mar, ainda florescem raízes invisíveis que se sobressaem em meio ao branco do céu e as nucas dos arquitetos sonâmbulos. Quando os sonidos se confundem com as brisas de cafeína e o frescor fictício da chuva, as coberturas planas  embrutecidas imersas aos seus próprios desatinos  se curvam e estreiam o silêncio de todas os pórticos incandescidos por tijolos descartáveis e profecias sobre o ontem. 

As paredes sofrem uma espécie de ataque de pânico quando incitam contato com os cortes de sol dos últimos minutos da manhã, como um animal camuflado num galho de árvore murcho, protagonizando papéis medíocres e técnicas de auto-defesa urbana. Até poucos minutos antes da uma da tarde, meus olhos não se cansam de absorver a figura imóvel da sala de estar em contraste com o televisor luminoso da sacada, no instante em que feições e palavras pródigas da incompreensão instigam minha suposta ausência de planejamento e afeto  dádiva surda  você não é nada, nada, O CÉU NÃO SIGNIFICA NADA. Perdi a habilidade em premeditar a beleza em feixes e quebraduras irregulares, assim que furtaram a sensibilidade necessária para desfolhar os blocos de concreto que pulsavam em minhas mãos anêmicas
como crimes velados na esquina de um olho de papel    
rasgado.
(hoje)

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