Escrevo arfada e morro poesia
Tarda noite
tarda dia
tarda verso
tarda fado — desatino —
Posso sentir o tamborilar miúdo do sol-desvario
queimar ante às vértebras grisalhas que te sufocam
e definhar modinhas num meio riso vazio
Escrevo redimida e enraízo-te à esquina da desolação,
margeias codinomes às nove horas da manhã
no teu monótono ensaio de caminhar paragens
recito assintomático manifesto profano enquanto marejam teus deslizes imunes
Escreves em minh'alma a poética dos andarilhos aflitos
incinero os restos cotidianos de atemporalidade
do mar, da liturgia, do gentilíssimo desenredo
e morro poesia
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