segunda-feira, 18 de março de 2013

Flamejo ocioso

I
Minha alma  em corpo  é o chão pedregoso que piso de pés descalços
 em pensamento  uma ilha isolada nos mares de Atlântida
Minha alma  em alma  é a necrose dos pulmões sufocados
Queira eu ser corpo, pensamento e alma
Pois por serem concretos em seu inconsciente âmago 
Tornaram-me hospedeira da recusa ao espetáculo da comoção
Suscito em desgaste mental por ultrapassar os limites da razão

II

A virtude é o ponto raso da enchente esgueirando-se entre as ruas
Ascendo a palavra fundida à ouro, 
seja hoje e a qualquer dia enterrada com sete cruzes as dores minhas e tuas
Decomposto, componho a glória fragrante, águas cristalinas vivendo na lembrança 
Que balburdia! A veneração de um simples assobio maléfico.
Que o tempo a destrua, vívida pupila!
Curvando a linha precisa ao esboço da coroa de flores prateadas
Pensara em anjos, em pelourinhos azulados, em Baudelaire

Por ser manifestado a apresentação teatral tarde demais, 
não fora exibida a atração principal
Cortinas em pertubação
Dói  a fraqueza arranhara os pulmões necróticos 
E os pássaros prisioneiros da irrealidade 
quebraram as asas dentro de suas próprias gaiolas

Viva ao sonho fatigante e as contemplações imprecisas, 
aos inexatos alcorões e as janelas entre-abertas
Pois, sim, os olhos hão de estar mentindo, 
tal que a blasfêmia dissipe a presunção do mistério da alma pulsante
Em sua condição mais descaminhada e obsoleta
Eu a sigo até o fim da linha vital, permaneço inerte e oculta em mim
Pergunto-me até quando poderá ser repetida uma vida inteira imersa na escuridão

O meu descanso é a poesia, suas estrelas vermelhas, a poeira entre os versos 
Já vanescera dez mil vezes os estalidos da beleza triunfante.
Os traços delicados do rosto róseo da solidão 
sorrindo para as nuvens embaladas pelo movimento dos meus dedos
Essa é a embriaguez do infinito e suas consequências nefastas 
Embriagou-se, embriago-me todas as madrugadas com um leve toque no espírito 

III
Sim, sim eu presumo o amanhã! Pois eu o vejo, mas insisto em fugir
Vejo o momento e as rodas despertarem o amanhecer
E a realidade estampada em frente a mim mesma
Sim, eu vejo a realidade, eu vejo a realidade
Mas minha alma é o regresso perpétuo de um sonho 
Ó, Noite! Estou na suposição de algo, algo esse desconhecido de tudo que é Ciência e Arte
Estou à beira de um rio sem fundo prestes à afundar na incuriosidade turquesa 
Será que de mim ainda poderia recriar-se o grotesco alcance da beatitude?

O que há a brotar nos jardins é o mesmo que morre a cada abraço rotineiro 
Há de ser viril, e fosco, e pardo, e simplório
Há de ser o fim sem membros destroçados
Pois declare, frutos divinos providos do Sol de raio púrpura 
A razão é a prisioneira eterna do tempo.

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