quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dedilhares



(...)

Vigiando os mundos trépidos dos que já não andam com seus próprios pés.
Declarando o cessar à esplêndida guerra contra às colisões inconscientes
que violentavam nossos nervos desvairados.
Foi quando contemplei pela primeira e última vez 
a arquitetura múltipla do indivisível
quando observei além de todas as superfícies cristalizadas 
os fósseis esquecidos do valor humano 
quando encontrei sob o ofegante canto de pássaros e dedos cruzados
o sublime contato comigo mesma e o universo
Foi e há de ser perpetuado como regalia das paixões inter-filosóficas, 
um toque de virtude habitual,
o captado pelas minhas pupilas cansadas 
sob o céu de manhãs brancas.

(o relógio que marcava sempre três e quinze)

Do que restava-me na memória  
lucidez descontrolada perdendo-se na aura dos olhares apáticos 
eram os passos exaustos pelas calçadas sujas e pródigas do céu alheio, 
postes enfeitados por cartazes fétidos 
e cegos atravessando as ruelas. 
Há algo além do cortês pedido de permanência.
Eu podia ainda observar por detrás do tênue olhar de soslaio 
que me espiava em todos os cantos, 
em todas as palavras e tons de vozes. 
Ou aguardar enquanto as multidões despertavam 
às cegas a cada cinco e meia da manhã.
Mas há algo infindável sobre esperar a hora de apagar as luzes. 
E quando as acendemos na ausência 
do inquestionável acervo lembrado pelo ontem. 
Não conseguimos mais sustentar 
com nossas próprias mãos aquilo que foi perdido. 

(sussurros acanhados na escuridão)


Esperando o reconhecimento do silêncio teórico, do método da mudez

pelos risos entre as multidões que vangloriam gritos e enfoques de cores vazias
ocultando o enredo do Fado indiscutivelmente calado em mim 
Utilizei a razão para compreender 
as luzes que refletiam em fios de cabelo 
e paredes brancas
Mais uma vez, minha sede pelo que não faz sentido 
diluída e transparecida
pela vastidão da incerteza.

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