domingo, 6 de janeiro de 2013


Quando absorvemos inexprimivelmente o mundo, 
quando somos incapazes de metamorfosear a arte ou a poesia diária em versos, 
encontramos finalmente os tons ― às escuras ― dentro de nós.
Pois o inacabável é o alicerce dos enfadados
E o espaço oco, irredutível, ancorado em nossas entranhas se esvai ― como as folhas que caem ao chão a cada outono ― como sinal de que tudo transpõe involutariamente ao desmembrar das horas.
Os enfastiados se mantêm inertes observando os intervalos irreversíveis. 

São nesses dias de imensa glória ao término anual,
quando as multidões circundam as estreitas calçadas da cidade, 
as luzes se fundem numa sincronia instransponível aos calafrios, 
as madrugadas despertam os corações falecidos e os astros, por sua vez, explodem no céu.
É noite de Ano Novo.
São nesses dias, dos quais resta somente o legítimo espírito leigo, 
um prefácio uma vez inaudito, uma vez desperto aos deuses em seu mais belo âmago,
algo como "adiante, um sopro que perde-se ao ar" seguido de um feitiço imortalizado, o reflexo nos olhos cansados, a espera já um tanto quanto abismada.

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