sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pós-regresso — o soneto da efemeridade

       Tais eventos seriam sempre o transbordamento de meus limites sujeitos ao malogro, quando minha pouca audácia obstinada de privilégios ainda não entregues  em minhas mãos, enfim, refletia a instabilidade de meu efêmero termo e minha abalada constância. Todos aqueles estariam apenas a receber a afirmação do que desde muito já estiveram por persuadir e, de fato, não seria eu uma das circunstâncias desvairadas. De certo modo, minhas lúcidas pretensões já estariam prestes a virem de encontro à imediata pendência. Eu, no entanto,  peculiarmente ainda acreditava em algo o qual sabia que seria um dos piores crimes ao vir à tona e era este o crime que sustentava os insondáveis devaneios de minha distração perpétua. 
        Clamavam as obtenções alheias como retrato do que deveriam ser, sentir e delirar. Como espelhar-me em alguém o qual omite a essência das manhãs ineptas e em lugar, põe diante de si uma vida inteira de horários, algarismos e  inquestionável estabilidade? E sim, eles terão crédito o bastante para ir de Tóquio aos Montes Escandinavos em seus bolsos daqui há alguns anos, mas diga-me ao menos, um motivo para sonhar meus sonhos iguais ao deles se nem mesmo seriam capazes de explicar-me as jogadas de dedos dos deuses que escondam-se entre os ponteiros dos relógios babélicos à exatamente uma hora e trinte e sete da manhã.
            Não interprete meus parágrafos como a declaração de minha suposta emulação, pois há muito já observo tamanha hipocrisia daqueles mesmos que repreendem a desgraça da inconstância e veneram a chamada "boa condição" ideal para tornar-se afortunado. Eles fazem por merecer e são presenteados com as mais visíveis saudações, aquelas que os tornam o protótipo de bons pensadores e dotados de  perplexa perspicácia. 
          Não venho aqui para pôr-me à frente daqueles que chamam-se adequados para o mundo moderno, pois tais palavras que aqui lhe digo são apenas minhas tolices fantasiadas de ostentação e esplendor. E também nao atrevo-me a generalizar, seria, de fato, mal pretensão de minha parte. Venho até aqui para anunciar a errônea linha que a juventude traça de seus exemplos de sagacidade. Juventude que aspiram ao mediar de ídolos de conteúdo demasiado vazio e finito.  E nada fartamente, os tocam, são apenas recessos de uma banal sensibilidade.
               Enquanto os algoritmos explodem em seus pergaminhos, seus sonhos tardam para a prosperidade encontrada entre os arranhas-céus adiante das fronteiras. Disseram-me que não há nada o que temer, o suposto paraíso mudou de endereço e a verdade encontra-se à dez mil léguas de tal ponto indócil. Minha visão logrou-se em direção ao poente e tornei-me lástima das memórias trilhadas em menos de uma semana. E a cada segundo torna-se memória o que aqui lhe digo como o disparate do tempo, enquanto lá estão eles perpetuando sua inquestionável eficácia, virilidade. 

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